Meu cavaleiro se foi, sem sua presença segura, sem seu escudo e espada, sem sua armadura reluzente eu estou desprotegida.
As feras da noite me atacam.
Elas querem meu corpo, coração e alma.Na escuridão da noite me encurralam em um canto da floresta sombria, meu corpo treme, por causa do medo e do frio que exala dos olhos delas. Não há ninguém pra me defender.
Quando sentem que todas as minhas forças e esperanças se foram, me sufocam pouco a pouco, pouco - a - pouco....Definhando lentamente, penso que as feras só irão embora quando o dia clarear, e o sol foi embora com ELE.
Enquanto isso, as feras da noite escarnecem meu corpo, dilaceram meu coração, destroem minha alma.
E assim, a metade de mim que ainda está comigo (porque a outra metade se foi com ele) se perde lentamente, le-ta-men-te, entre as garras e presas das feras...
Não acabam logo comigo. Não, sofrimento contínuo causa mais dor, mais medo... Se alimentam da minha tristeza, da minha solidão, querem me desfazer em pedaços, e saborear minha dor aos poucos.
"Acabem logo com isso!" eu grito com o resto de minhas forças, não suportando mais o sofrimento, a solidão, o medo, a tristeza...
No escuro daquela floresta húmida e sombria, vejo dentes abertos num sorriso e olhos jubilantes frente a minha dor.
Sei que no meu último suspiro, quando a angústia e a tortura estiverem a um passo de acabar, me lembrarei do meu cavaleiro de armadura reluzente, que não pode estar perto de mim para me defender.
As feras ainda me devoram.
Volte logo cavaleiro, ou então, quando chegar, sua princesa não vai ser nem a sombra do que foi: do corpo a carcaça, do coração os pedaços, da alma nem vestígios...